Quando uma criança conversa com um adulto espontaneamente, ela revela que confia, ela deseja ser ouvida, compreendida e respeitada!
Coisa maravilhosa é uma criança que confia na gente.
É preciso sempre falar a verdade, cumprir o que promete, não chantagear. A criança percebe, registra, desconfia e se afasta daquele adulto.
Como construir um relacionamento de confiança com sua criança? Uma boa estratégia é responder uma pergunta fazendo outra pergunta dentro do tema que a criança trouxe e não dando uma resposta. Em geral, as respostas encerram os assuntos. Outras perguntas alongam os papos.
“Quando uma criança pergunta, ela não quer saber – ela quer existir” Marcelo Cunha Bueno.
Só quem pergunta descobre! Ensinar a perguntar é mais precioso do que simplesmente responder. A gente ensina a perguntar, perguntando! As respostas, os conteúdos, podem ser encontrados por todo lado, nos livros e na internet. Mas aprender a raciocinar não está lá. Está na possibilidade de viver contextos de autonomia e pesquisa, de contato com a vida como ela é, de convivência com a diversidade, de rodas de conversa, de busca por problemas a solucionar, de levantamento de hipóteses de solução, de realização destas soluções, de celebrações de vitorias significativas.
Quando um adulto conversa com uma criança espontaneamente, em geral, está querendo dar um comando. Os adultos precisam aprender a tratar as crianças como se fossem adultos visitas em suas casas. Quando recebemos visitas somos gentis, escutamos e damos continuidade ao assunto, colocamos limites claros, por exemplo: a visita não entra no meu quarto e bagunça meu guarda roupas. Nos preocupamos que a visita se sinta bem em nossa casa, gastamos tempo com ela. É exatamente o que as crianças merecem: que gastemos tempo com elas! Um tempo de respeito, mas não de permissividade. Um tempo sem medo, sem ansiedade, sem frustrações e pressas. Um tempo de conversa, da conversa da criança!
– Rê, posso pegar uma lupa?
– o que você vai fazer com ela?
– quero fazer uma fogueira no sol.
– uau! dá certo?
– sim! a gente pega folhas e galhos secos e os raios do sol batem na lupa e o fogo começa!
– uau! o fogo é perigoso, né?
– é. queima e dói bastante.
– quem vai te ajudar lá no quintal?
– a Maria e o Lorenzo.
– os pequenos estão no quintal agora?
– não, eles estão almoçando.
– legal. então, combina com uma professora pra ela te ajudar, tá?
– tá! a Fefa já falou que vai ficar com a gente.
– boa! pega aqui. lembra de devolver aqui quando acabar a brincadeira.
– combinado!
Regina Pundek