Dia 03/06/25 ficou pronto o primeiro episódio do podcast da Maré. Trabalho que eu sonhei em 2024. Então, sugeri ao Rô recomeçar a produzir com as crianças o JORNAL da MARÉ, para dar um start, pois eu já estava idealizando algo mais contemporâneo. O jornalzinho foi um trabalho que eu fiz aqui na escola desde o ano 2000, provavelmente por uns 6 ou 7 anos. Depois parei por exaustão (eu fazia tudo sozinha) e, talvez, por não sentir apreciação. Não sei.
Então, o Rodrigo aceitou a minha sugestão, e o GT de 2024 – Grupo de Transição (crianças de 10 anos que estavam encerrando o F1 conosco) – fez o jornal com muito envolvimento em cada detalhe, desde o levantamento de pauta, entrevistas, fotos, desenhos e distribuição. A diagramação era trabalho do Rodrigo.
O ano de 2025 se iniciou com reuniões de planejamento do Podcast. Por isso, para o primeiro episódio, nada mais justo, que as crianças do GT de 2025 fossem as entrevistadas, pelo seu professor e por mim. Foram dias de conversa com essas 5 crianças, para saber o que elas gostariam de contar e também pra que todos nós nos alinhássemos. De um menino ouvimos a pergunta: o que será que as pessoas que ouvem podcasts gostam de ouvir, né? Ressalto essa pergunta porque acredito na importância de nos colocarmos no lugar do outro. Isso é uma aprendizagem importante para a vida, mas não há conteúdos ou metodologias que consigam trazer para a prática. Aprender se aprende aprendendo, ou vivendo, não é mesmo?
Cada final de encontro comentávamos: ah, por que não gravamos hoje? As crianças falaram tão bem!!
Enfim, estava tudo pronto. Faltava somente o nome. Queríamos que se chamasse VOZES DA MARÉ, mas descobrimos que já há um podcast assim nomeado. Nossa escola tem o grande cuidado de ouvir as vozes das crianças e de todos os participantes no processo educacional a que nos propomos. Mas, o desafio da busca de um novo nome era condição para parir o podcast. Sem um nome não haveria “batizado” e festa.
Há menos de um mês tivemos outro batizado na escola. Os espaços dos grupos foram todos pintados todos de uma mesma cor e isso exigiu um repensar, pois antes as cores identificavam os locais. As crianças foram ouvidas, levantaram sugestões e depois todos votamos. Assim surgiram os espaços FOGO, TERRA, ÁGUA, MANDALA e BEIJA FLOR. Depois fizemos uma celebração/batizado com todas as crianças da escola. Fixamos nas paredes dos respectivos locais as telhas, pintadas pela profª Marga com os símbolos eleitos. Foi uma manhã em que tomamos posse do SER Maré, nomeando-o demos vida nova a cada canto!
Bem, voltemos ao podcast. O Alexandre Paiva, pai de 2 ex-alunos que aqui viveram por 10 anos, é quem nos auxilia com as mídias sociais. Sua percepção da escola passa por aqueles anos todos, mas também passa por palavras que verdadeiramente identificam nosso trabalho pensador e criativo. O Alê lembrou da metáfora que tanto uso com o vocábulo GARAPA. Eu desde sempre digo: Eu sei fazer GARAPA, por favor, não coloquem em garrafa de centenário da Coca-Cola. Assim desde sempre me referi às pessoas que fazem o trabalho de marketing para a escola.
Então o Alê sugeriu GARAPA SONORA. Depois o Rodrigo pensou em MARULHAR. Eu gosto de garapa e gosto de marulhando; de garapa sonora tinha dúvidas. O que sei dizer, pois tenho vivido dias muito intensos com demandas além da escola, é que a GARAPA nasceu e ficamos todos satisfeitos. Aqui agradeço à Cátia, que me acolhe e atua com competência e dedicação. Ela ajudou nos finalmentes desse processo todo.
Agora abro aspas para citar o lindo texto escrito pelo Alê para a abertura do podcast:
“Na contramão da pressa, da fórmula pronta e do barulho do mundo, nasce a Garapa — um podcast feito com o tempo, o cuidado e o encantamento que cabem na infância.
Aqui, falamos de escuta. De educação com raízes na natureza. De rodas de conversa onde crianças, educadores e famílias se encontram para pensar, sentir e criar juntos.
A Garapa é o som da nossa filosofia pedagógica em movimento: doce, viva e cheia de histórias que brotam do chão da escola. Um espaço para refletir sobre o que realmente importa na formação humana — com leveza, profundidade e afeto.”
Já ouvi o podcast diversas vezes. Não canso! Ele é como um filho recém parido, que vai andar por caminhos próprios, onde nossos olhos não alcançarão. O que posso dizer é confio no trabalho realizado com tanta gente querida, sensível e que comunga sonhos de um “buen vivir” para todos os seres viventes. Assim seja!
Obrigada, crianças, famílias, Rodrigo, Alexandre e Cátia.
Regina Pundek